24 horas diárias, não importa quem sejamos, qual posição social ocupamos ou qual idade tenhamos, enquanto neste mundo estivermos, teremos todos as mesmas 24 horas.

E o que estamos fazendo com elas?

O preço de tudo nesta vida está associado ao quantum de vida doamos para conquistar algo, logo, nossa moeda de troca está longe de ser monetária, trocamos tempo de existência por absolutamente tudo. Nosso carro, nossa casa, computador, celular. Aquela calça, aquele sapato, aquela caneta, o cafezinho, o vinho e a cerveja. Tudo corresponde a uma fração da vida que dedicamos em troca de uma moeda que nos permite negociar o que precisamos ou desejamos.

Nos vendemos! Sim, vendemos nosso tempo de vida para uma empresa ou para um cliente e neste processo, além da contraprestação pecuniária existe uma construção do Ser, contudo, esta construção tem um valor percebido, muito diferente daquele valor a ser recebido em dinheiro.

Eu falo daquilo que fazemos e que tem poder transformador. Vamos buscar respaldo em um dos pensamentos célebres do Mestre Aristóteles: “Somos aquilo que repetidamente fazemos. Portanto, a excelência não é um feito, é um hábito”.

Agora dá uma pausa neste pensamento e analisa comigo aquelas máximas que pairam sobre o universo de muitas empresas:
“Mas eu não trabalho para mim, quem ganha aqui é a empresa”. “Meu chefe não merece que eu entregue excelência, ele não me paga para isso”. “Meu cliente pediu desconto na hora de fechar o contrato, então esses detalhes não estão contemplados”. Lembrou de mais alguma afirmação deste nível?

Então, ao que parece, é validada uma política que aprova a mediocridade, justificada por um não merecimento alheio, como se entregar menos também fosse uma forma de pagamento. Como se entregar menos poue vida. Como se o menos fosse indicativo de sucesso.

Contudo, voltemos ao pensamento de Aristóteles, se constantemente entregamos mediocridade, pois esse é o nome que se dá a tudo aquilo que tendo condições de fazer mais e melhor, optamos por entregar menos e pior, acabaremos construindo o que para nós? Se somos o que repetidamente fazemos? Se achamos que somente o outro ganha com a nossa entrega excelente e que nada fica em nós, além das cifras em nossa conta?

Quando deixamos de entregar aquilo que está em nossas condições, também deixamos de nos construir e essa lacuna se configurará na lamuria do amanhã, em que a reclamação terá como pauta a falta de oportunidade ou a ausência de reconhecimento. Nosso tempo não é infinito lembra? 24h, portanto, todo dia, hora e lugar é uma oportunidade para investir em nossa construção, a final, “excelência é um hábito”, certo?

Vamos pegar isso tudo e traduzir em um dinâmica mental: Lembra da sua última entrevista de emprego? Ou da sua última reunião para apresentação de uma proposta de serviço/ produto a um cliente?
A pergunta clássica e que serve de termômetro para medir o quanto nosso histórico é promissor, sempre aparece em um contexto em que devemos narrar exemplos de sucesso anterior, em outras palavras, compartilhar aquilo tudo que construímos em nós e entregamos aos outros e hoje comprova nossa aptidão, serve de experiência, qualificação. Um detalhe importante, neste cenário o salário que recebíamos não serve como evidência de competência, ele se perfaz em um mero indicador.

O que você responderia nesta entrevista ou reunião hoje? Chegaria a dizer que não fez mais pelo salário/ contrato ser incompatível com a função? Ou contaria como que com limões fez limoda? Como que com lixo produziu obras-de-arte?

Esmiuçando um pouco mais esse universo, podemos dizer que realizar nosso ofício em uma empresa como colaborador, temos a oportunidade de testar zilhões de teorias e com elas gerar experiências práticas e reais, isso tudo com capital do dono da empresa, que não ficará com essa experiência para ele caso venha acontecer um desligamento e neste cenário, essa experiência gravada em nosso Ser, impossível de ser dissociada, seja excelente ou medíocre, nos acompanhará e poderá ser utilizada em outro local diferente daquele que a formou.

Agora olhando para o cotidiano do empreendedor, ao realizar o ofício como proprietário do negócio, também temos a oportunidade de gerar soluções excelentes, fora da curva, que além de nos construir, poderá servir de argumento para uma indicação ou prova social para outros clientes que virão, o que traz consigo uma vantagem competitiva que ultraa o lucro, pois exemplos de sucesso usamos sem prazo de validade.

Assim sendo, sempre temos duas fontes de lucro, uma financeira outra existencial. Concorda?

Mario Sergio Cortella com a maestria de sempre, combate a mediocridade em seus discursos e dá um norte para aqueles que escolheram trilhar o caminho da excelência e fazer jus as suas 24h diárias. No seu livro Qual é a tua obra? Ele diz: “Fazer o possível é obvio. Agora, fazer o melhor é exatamente aquilo que cria a diferença.” Faz sentido para você?

E há quem pense apenas no quanto custa uma hora do seu trabalho, na somatória do montante das 8 horas por dia. Não quero com isso dizer que este aspecto é irrelevante, porém o valor intrínseco no o que fazemos com esse tempo diário define e constrói o que somos, que consequentemente se converte no quantum monetário que recebemos.