COMPORTAMENTO

8 fatores que os pais precisam observar para proteger a saúde mental dos adolescentes
Para especialista, desafio está em identificar os sinais cedo, antes que se transformem em crises

A série Adolescência, da Netflix, escancarou uma realidade comum a muitas famílias: o sofrimento psíquico na adolescência muitas vezes é invisível - até que se torna urgente. A exposição contínua às redes sociais, a pressão por resultados e a dificuldade de comunicação com os pais são fatores que requerem atenção especial.

Para a professora de Psicologia da UniSul e pesquisadora em Neuropsicologia, Mariana Faoro, o desafio está em identificar os sinais cedo, antes que se transformem em crises. "O sofrimento psíquico em adolescentes pode se manifestar de forma sutil no início, confundindo-se com comportamentos típicos da adolescência", afirma. A seguir, oito pontos cruciais para pais e responsáveis estarem atentos - e saberem como agir.

1. Mudanças sutis podem esconder sofrimento intenso

Segundo Mariana Faoro, é essencial que pais e responsáveis estejam atentos a sinais que costumam aparecer quando o adolescente está em sofrimento emocional: "Isolamento social, oscilações de humor intensas, queda no rendimento escolar, alterações no sono e no apetite, comportamento de risco, falas autodepreciativas, descuido com a aparência, sensação de vazio ou perda de sentido", enumera.

Ela destaca que nem sempre esses comportamentos são evidentes ou fáceis de interpretar. "Cada adolescente expressa o sofrimento de uma forma singular, contudo estes são alguns dos sinais mais frequentemente observados na maioria dos casos", lembra a psicóloga.

2. Nem todo comportamento 'normal da idade' é saudável

A adolescência traz mudanças naturais, mas quando há sofrimento emocional envolvido, a distinção entre o típico e o preocupante precisa ser feita. "Essa linha pode ser muito tênue", afirma a professora. "A adolescência é marcada por uma busca por autonomia e o consequente afastamento dos pais, o que pode dificultar essa diferenciação", completa.

Ela explica que comportamentos como idealismo exagerado, indecisão e críticas a figuras de autoridade são comuns. "Mas o ponto-chave é que, para ser caracterizado um transtorno mental, o comportamento é causador de intenso sofrimento emocional, com frequência a pessoa se sente deslocada, como se não pertencesse à mesma realidade, mas seu desejo é o de fazer parte".

3. Redes sociais não são inofensivas

"O cérebro adolescente está em desenvolvimento e as principais estruturas relacionadas às funções psicológicas complexas de tomada de decisão, controle inibitório e planejamento ainda estão em maturação", explica a professora. Isso os torna mais impulsivos, sugestionáveis e vulneráveis à influência de conteúdos nocivos.

Segundo ela, quando os pais "se tornam muito confiantes de que seus filhos estão protegidos porque estão em casa e param de monitorar as atividades online, é onde geralmente os problemas surgem".

Além disso, o impacto das redes na autoestima é direto. "Acabam tomando por verdade opiniões alheias negativas que afetam diretamente sua autoestima e seu autoconceito, um dos pontos mais sensíveis em meninas e meninos entre 12 e 17 anos", lembra a professora.

4. A escola tem papel ativo e essencial

"A escola é um dos ambientes onde os adolescentes am grande parte de seu dia e o principal local de interação social, portanto, é onde os problemas que impactam na saúde mental geralmente se manifestam", afirma Mariana.

Ela defende que professores sejam preparados para acolher e agir diante de sinais de sofrimento. "Em alguns casos o professor é o que esse adolescente tem de exemplo mais próximo de um adulto funcional, essa percepção pode fazer com que ele procure o professor para conversar sobre seus sentimentos", reforça a psicóloga.

Nessa situação, é essencial que o profissional saiba como acolher e orientar. "O ideal é que esse professor acolha as queixas e oriente o aluno sobre como conversar com seus pais e procurar ajuda".

5. Ambiente seguro começa com conversas simples

Segundo a psicóloga, o diálogo aberto e frequente é uma das principais estratégias de prevenção. "É essencial para a família como um todo reservar um momento do dia ou da semana para conversar. Estabelecer essa prática desde a infância torna muito natural que, na adolescência, o contato próximo com os pais permaneça", recomenda.

Ela reforça a importância da escuta verdadeira. "O poder da fala é inegável. Expor em voz alta nossos pensamentos nos ajuda a organizá-los, a entender o que faz sentido e o que faz sentir", orienta. Frases simples como "Está tudo bem, filho?" ou "Como foi na escola hoje?" têm mais impacto do que muitos imaginam.

6. Invalidar sentimentos fecha portas ao diálogo

"Muito frequentemente os adultos esquecem como foi a experiência de ser adolescente e a intensidade com a qual tudo é vivido nesta fase", afirma Mariana. O erro mais comum é minimizar os sentimentos dos filhos - o que acaba criando barreiras para a comunicação.

"Esse conflito geracional pode fazer com que os pais invalidem os sentimentos e emoções de seus filhos, minimizando a importância destes. Quanto mais invalidados e cobrados, menos os adolescentes se sentem à vontade para compartilhar o que sentem", destaca. Segundo ela, muitas vezes, por não terem a abertura dos pais, adolescentes procuram outros meios de apoio e encontram grupos tóxicos online que infectam suas ideias. Esse ponto é reforçado pela série da Netflix, segundo Marian Faoro: "Esse foi um dos principais pontos que a série Adolescência traz - o risco que mentes sugestionáveis correm ao se expor nestes ambientes tóxicos".

7. Pais também precisam aprender a ouvir críticas

Para a psicóloga, o exemplo vem dos próprios pais.

"Os pais devem conseguir ouvir os s dos filhos sobre seus próprios comportamentos, mesmo quando em momentos de raiva, em que eles venham na forma de linguagem violenta".

A reação dos adultos nesses momentos é determinante. "Não revidar, ensinar a manejar as emoções em situações de conflito, dar vazão e, após a estabilização do humor, lidar com o problema de maneira racional - isso é ensinar pelo exemplo", afirma.

8. Psicoterapia é apoio, não emergência

O ideal, segundo a professora, é não esperar uma crise aguda para buscar ajuda. "O momento de buscar esse atendimento não precisa ser somente naqueles de crise aguda. Ao manter um diálogo aberto com seu filho, a probabilidade que ele se sinta confortável para pedir ajuda é muito maior", alerta.

A função da psicoterapia é ajudar o adolescente a se entender, a lidar com as emoções e a desenvolver ferramentas que serão úteis inclusive na vida adulta. "O papel do psicólogo é auxiliar esse paciente na compreensão e expressão saudável desses sentimentos e emoções, desenvolver repertório de comportamentos adequados para lidar não só com o presente, mas que venham a influenciar também a vida adulta", explica.

Ficar atento aos sinais, manter o diálogo aberto e oferecer acolhimento são atitudes básicas - mas decisivas - na vida de qualquer adolescente. Como Mariana Faoro reforça, "a ideia não é interferir no desenvolvimento da autonomia do adolescente, mas proteger sua saúde mental". A série Adolescência pode ter sido ficção, mas os dilemas, angústias e silêncios que ela expõe são reais. E, segundo especialistas, quem está do outro lado - pais, mães, educadores - precisa aprender a escutar antes que o silêncio fale mais alto.





Imagem: Canva
 

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